QUE É? O
QUE NÃO É? Existe
uma confusão muito grande a respeito do que é ou não
é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há
pessoas que não sabem que as palavras "espírita"
e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França,
pelo codificador da Doutrina Espírita,
Allan Kardec.
Somente deveriam utilizarem-se destes termos
os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta
doutrina.
Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em
suas práticas a comunicação de Espíritos
e a crença na reencarnação são confundidas
erroneamente com o Espiritismo.
Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas
verdadeiros, estas seitas são adeptas do espiritualismo ou
esoterismo, e não do Espiritismo.
Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito
são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são
espíritas, praticantes do Espiritismo.
Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir
os ensinamentos contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita
e no Evangelho de Jesus. Geralmente, os locais espíritas recebem
o nome de: Centro, Grupo, Casa, Sociedade, Instituição
ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído,
de acordo com as leis vigentes no país em que está instalado.
Mesmo ostentando este nome, quem os visita necessita estar atento
para quais as atividades e as formas como as mesmas são praticadas
por seus dirigentes e auxiliares (veja
o que um centro espírita faz).
Visando ajudar àqueles que não
conhecem o Espiritismo, mostraremos abaixo o que se encontra e o que
não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira.
Palestras:
todo centro espírita tem o seu momento de esclarecimento doutrinário.
As exposições geralmente são sobre a Codificação
espírita e o Evangelho de Jesus, em uma ligação
direta com nosso cotidiano. Não há nenhum ritual antes
dos trabalhos, a não ser uma prece evocando a proteção
de Jesus e dos bons Espíritos (geralmente, a oração
é feita em pensamento). Em algumas oportunidades, antes ou
no final das palestras, alguns grupos fazem a apresentação
de corais musicais, quase sempre formados por grupos de jovens. Porém,
este tipo de procedimento não é aconselhável,
sendo indicado que seja praticado em datas e horários diferentes
dos trabalhos espirituais e de esclarecimento ao público, exatamente
para se evitar confusões e mal-entendidos.
Explanações e orações
ao som de músicas, batuques, atabaques:
o Espiritismo não utiliza instrumentos
musicais para exortar o público ou evocar Espíritos.
Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos.
Trajes normais:
os trabalhadores de uma casa espírita
trajam-se normalmente, de forma simples. A discrição
deve fazer parte dos que trabalham no local, pois ali estão
para auxiliar as pessoas que buscam orientação para
seus problemas materiais e espirituais.
Trajes especiais:
o Espiritismo não tem roupas especiais
para os dias de trabalhos ou mesmo no dia-a-dia das seus adeptos.
Enfeites, amuletos, colares, vestimentas com cores que significariam
o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha) não têm fundamento
para o espírita.
Inexistência de rituais, amuletos
e imagens: o verdadeiro
centro espírita não pratica em suas atividades nenhum
tipo de ritual. A Doutrina Espírita segue o que o Mestre Jesus
ensinou: que Deus é Espírito, e deve ser adorado em
espírito e verdade. Portanto, sem a necessidade de nada material
para contatarmos com a espiritualidade.
Presença de rituais como:
ajoelhar-se frente a algo ou alguém,
beijar a mão ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se,
sentar-se no chão ou ficar levantando e sentando durante os
trabalhos, proferir determinadas palavras (mantras) para evocar os
Espíritos. Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas
não são encontradas imagens de santos ou personalidades
do movimento espírita, amuletos de sorte, figuras que afastam
ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e tudo o mais que
seja material e que teoricamente serviria de ligação
com o mundo espiritual.Animais
para sacrifício: o
local que possui este tipo de prática ou decoração
não é espírita. O Espiritismo é contrário
a qualquer tipo de sacrifício animal. Espíritos que
pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados,
ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem
prejudicar a vida de quem dá ouvidos aos seus baixos desejos.
Comunicação particular
com os Espíritos: os
grupos espíritas têm reuniões específicas
e íntimas para que os trabalhadores da casa, aptos e preparados
durante longos estudos para tal, possam comunicar-se com os Espíritos.
E através deles, obter informações do mundo espiritual,
orientações e mesmo ajudar no afastamento de perturbações
espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo
este cuidado baseia-se na orientação dos próprios
Espíritos superiores, responsáveis pela elaboração
do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista,
que em sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo
1, diz: "Amados, não creiais em todos os Espíritos,
mas provai se os Espíritos são de Deus". Agindo
assim, o centro espírita evita o máximo possível
a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que
muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade
de tecer comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas.
A seriedade de reuniões fechadas os intimida, favorecendo a
presença dos Espíritos esclarecidos.
Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente
de psicografia (escrita dos Espíritos através de médiuns),
onde pessoas levam até lá o nome de entes desencarnados
para tentarem a comunicação dos mesmos através
da mediunidade, e ficam observando a manifestação. O
médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico
Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes exemplos.
Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica
diretamente com seu parente. Apenas influencia o médium, que
escreverá, de forma discreta e ordenada, a mensagem do além.
Comunicação de Espíritos
em público: a Doutrina
Espírita é contrária a este tipo de manifestação,
cercada geralmente de curiosidades e interesses materiais, ao invés
do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual.
Há locais em que os médiuns recebem seus "guias"
ou "Espíritos protetores", teoricamente responsáveis
pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer
tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo
de Espírito não têm base científica ou
doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento,
que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há
a manifestação pública, as entidades espirituais
são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium
incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos,
ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais.
Desenvolvimento cauteloso da mediunidade:
a Doutrina Espírita explica que todo
ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os
encarnados recebem influências boas e más do mundo espiritual,
que servirão de ajuda ou aprendizado no decorrer de suas existências
terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes de
proporcionar a manifestação dos espíritos. O
Espiritismo adverte que para poder ampliar esta ligação
com o mundo espiritual, é necessário que o médium
passe por uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade,
modificação moral constante, vida regrada, abstendo-se
dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a bebida, são
algumas das regras básicas para que o indivíduo possa
vir a desenvolver sua mediunidade, e estão contidas em
"O Livro dos Médiuns"
. Os centros espíritas verdadeiros não
aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar por
este período e preparação citados. Muito menos
diz que alguém "precisa" desenvolver a mediunidade.
Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos
têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal
mediúnico amplo, próprio para o desenvolvimento da mediunidade,
e não quiser desenvolvê-lo, não há problema.
Tudo o que é forçado é prejudicial ao homem.
Desenvolvimento mediúnico
forçado: se ao chegar
em um ambiente espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade "precisa"
ser desenvolvida, caso contrário você sofrerá
as consequências materiais e espirituais; sua vida será
um transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para
o trabalho; que esta é a sua missão; com certeza este
não é um local que segue a Doutrina Espírita.
Há seitas e religiões afro-brasileiras que obrigam a
pessoa a desenvolver-se mediunicamente e depois as ameaçam
com terríveis problemas futuros se elas deixarem de "trabalhar".
Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente
acabam vítimas de graves obsessões (influência
maléfica persistente de um Espírito atrasado sobre outro
ser). Cuidado!
Não há promessas de curas: o verdadeiro
centro espírita não promete a cura para quem o procura.
A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou
doença material depende de uma série de fatores, entre
os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade,
seus problemas relacionados com encarnações anteriores
e acima de tudo, se há ou não a permissão de
Deus para que haja a solução da dificuldade. Muitas
vezes, o sofrimento é um período necessário para
o ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe
quando é a hora disso terminar é o Criador.O que o centro
espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de
amparo e esclarecimento, é de todas as formas possíveis
(orações, tratamentos espirituais, passes, orientações
morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento alheio, rogando a
Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo.
Promessas de cura:
qualquer lugar que prometa a cura de problemas
espirituais ou materiais, sem levar em consideração
os fatores já citados, não é um local espírita.
Condicionar uma cura à frequência exclusiva naquele ambiente,
ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força
da casa" não tem base no Espiritismo e foge do bom senso
que regula as leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas
de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não
depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode
levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à
descrença em Deus.
Passes simples:
o passe é um método utilizado
dentro dos centros espíritas. Nada mais é do que a simples
imposição das mãos de médiuns sobre a
fronte de outras pessoas, transmitindo-lhes fluidos magnéticos
e espirituais (energias positivas do próprio médium
e de bons Espíritos), no intuito de fortalecer-lhes o corpo
e a parte espiritual. Tem duração em média de
30 segundos a 01 minuto. Geralmente, é aplicado dentro de salas
específicas, após a palestra, individual ou coletivamente,
com o público sentado e o passista de pé. Apenas são
feitas orações, em pensamento, pelos médiuns,
rogando o amparo de Jesus àqueles que estão recebendo
os fluidos. Os passistas não ficam incorporados pelos Espíritos,
apenas recebem sua influência mental e fluídica.Importante:
nunca há necessidade do passista tocar a pessoa que recebe
o passe. Toques, apertos, carícias têm grandes possibilidades
de serem mal-interpretados, gerando confusões, e por isso são
dispensados no centro espírita.
Passes com movimentos:
locais em que os passes são aplicados
com movimentos bruscos, utilizando objetos, baforadas de cigarro ou
charuto, estalando-se os dedos, repetindo mantras e cânticos,
tocando várias partes do corpo do receptor não são
centros espíritas. Passistas que transmitem os passes incorporados
por entidades, fazendo orientações ou conversando normalemente,
não são médiuns espíritas.
Todo o serviço espiritual
é gratuito: o verdadeiro
centro espírita não cobra nenhuma orientação
ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento
de curas ou salvação às doações.
Dar de graça o que de graça receber, ensinou Jesus,
em alusão aos conhecimentos espirituais. Não aceita
dinheiro por serviços prestados mediunicamente. Seus dirigentes
e trabalhadores têm profissões próprias, que lhes
dão o sustento financeiro necessário para suas vidas.
Quem sustenta materialmente a casa espírita são seus
trabalhadores, através de doações mensais, destinadas
ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação
doutrinária e aquisição de alimentos, roupas
e demais objetos a serem distribuídos às famílias
carentes ou instituições filantrópicas que sejam
assistidas pelo grupo. Todo valor arrecadado será exposto em
balanços mensais, para que tanto trabalhadores como frequentadores
tenham acesso sobre onde é investido o dinheiro do centro espírita.
Caso algum frequentador da casa queira doar algo ao núcleo,
é preferível que a doação seja feita em
gêneros alimentícios, roupas, materiais de construção
e afins, que poderão ser destinados aos carentes ou mesmo utilizados
na manutenção da casa. Se houver por algum motivo uma
doação em dinheiro, o centro espírita deverá
fornecer um recibo ao doador e inscrever esta doação
no balanço mensal do grupo.
Cobrança pela ajuda espiritual:
todo local que cobra dinheiro, favores ou exige
qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual
prestada não é um centro espírita. A cobrança
financeira é própria de pessoas que vivem da exploração
da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há
seitas que pedem dinheiro aos seus assistidos afirmando que será
usado para o feitio de trabalhos espirituais, como a compra de velas,
comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é
Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços
espirituais em troca de coisas materiais são entidades atrasadas,
que nada de bom podem trazer aos que os procuram.
Não podemos comprar a paz de espírito e tranquilidade
que buscamos, é isto que prega a Doutrina Espírita.
Se não for esta a orientação do local, com certeza
não é um ambiente espírita.
www.espiritismo.org/oqueeo.htm